sexta-feira, 29 de outubro de 2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

sábado, 23 de outubro de 2010

 O amor não se sustenta sem a intenção de amar e sem a ação pequena, mas
constante, de alegrar o outro com sua presença.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"Parem de falar mal da rotina
Parem com esta sina anunciada
De que tudo vai mal porque se repete."

(Elisa Lucinda )

terça-feira, 19 de outubro de 2010

VOCÊ TEM QUE ME LER
Trechos doTexto de Fabrício Carpinejar


É antropológico: mulher odeia ser mandada. São séculos e séculos de opressão. Não dê corda, que já cheira a forca. Vale, inclusive, para a masoquista. Gosta de firmeza, não que alguém diga o que ela deve ou não fazer. Não seja autoritário. O feminismo não é conversa de sapatão.

Que aconselhe, não emplaque uma ordem. Que ofereça um palpite, este é despretensioso como um assobio, é soprar uma melodia e permitir espaço para que ela complete a letra. Finja que está no chuveiro – menor o risco de se afogar. Fale cantado. Quem canta nunca será um ditador.(...)

Eu dizia “você tem que” a cada início de diálogo. Impositivo, não agia por mal, era um hábito, buscava convencer com “você tem que”. Parecia que tinha a solução dos problemas do mundo. Persuasão é a sedução para quem não tem paciência. Meu caso; não cuidava da linguagem e depois estranhava o silêncio dela. “Você tem que” é um mandado de segurança. É atestar que ela não desfruta de condições de conduzir a própria vida. Virava um segundo pai, determinando suas atitudes. Fugia da cumplicidade, vinha com os mandamentos e as condicionais de comportamento para que merecesse a mesada.

O homem não botou na cabeça que a fragilidade da mulher não é dependência. Ela não precisa ser protegida, e sim respeitada. Existe uma diferença aguda no tratamento. Depois que ela fica braba não adianta remendar. Emerge um pânico das cavernas, o receio de ser puxada pelos cabelos e pelas palavras. Igual é chamá-la de louca no meio de uma discussão.

Quem não encheu o pulmão para desabafar “você está louca!”, com aquele grito catártico, que serve como elevador para todo o prédio? Eu confesso, mais de uma vez. É novamente afirmar que ela não tem domínio, que nem sabe o que está falando e menosprezar sua opinião. Pode até ser louca, mas não chame de louca, senão ela não vai recuperar o juízo. Na história do pensamento, quantas mulheres foram enviadas para o hospício devido a sua autonomia? Quantas receberam eletrochoque ou sofreram lobotomia em função da independência de estilo? Significa um joanete ancestral, um calo antiguíssimo, não pise.

Joana D’Arc não foi uma bruxa. Assim como vassoura não é para voar, é para varrer qualquer sujeira machista dentro de casa.
Depois de tanto tempo 


"O maior segredo do amor não é por que amamos, mas por que deixamos de amar.

Nem procure recapitular o que bebeu na noite anterior. Não tomou nada. É a ressaca da sobriedade. Um imperioso repuxo da boca.

A descoberta é sutil como perder um prendedor de cabelo. Quase insignificante como um enjoo, um cansaço. A consciência surgiu por acaso, sua origem não é bem certa, de repente na hora de escovar os dentes ou ao regar as plantas ou ao atender o interfone. Não tem lógica. Saímos do centro de gravidade que nos tornava absolutamente dependente dos gestos e das atitudes do outro. Estamos livres para pensar sozinhos e, ao mesmo tempo, presos para sempre na incompreensão.

O desamor é tão fulminante quanto a atração, mas com consequências embaraçosas. Como abandonar a militância, a ideologia, e não ser visto como um traidor? Como narrar o que não tem enredo e reunir sentido em frases soltas e ensimesmadas?

Qualquer um vai se envergonhar de contar, trata-se de um sopro, não mais de uma voz. Não é algo para perguntar, está resolvido, fertilizado de impressões..." 


“todo mundo beija
todo mundo almeja
todo mundo deseja
todo mundo chora
alguns por dentro
alguns por fora
alguém sempre chega
alguém sempre demora.”
Elisa Lucinda




Motivo da rosa


Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.



Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.



Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.



E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Cecília Meireles

domingo, 17 de outubro de 2010




"Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim."

(Caio F.)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sou uma céptica que crê em tudo,
uma desiludida cheia de ilusões,
uma revoltada que aceita, sorridente,
todo o mal da vida,
uma indiferente a transbordar de ternura.
Grave e metódica até à mania,
atenta a todas as subtilezas
dum raciocínio claro e lúcido,
não deixo, no entanto,
de ser uma espécie de D. Quixote fêmea
a combater moinhos de vento,
quimérica e fantástica,
sempre enganada e sempre a pedir
novas mentiras à vida,
num dar de mim própria que não acaba,
que não desfalece, que não cansa."
Florbela Espanca
"Teu bom pensamento longínquo me emociona.
Tu, que apenas me leste,
acreditaste em mim,
e me entendeste profundamente.

Isso me consola dos que me viram,
a quem mostrei toda a minha alma,
e continuaram ignorantes de tudo que sou,
como se nunca me tivessem encontrado."

Cecília Meireles

Ana Jácomo

Às vezes eu tenho a impressão de que alguns sorrisos são ondas que começam no coração, brincam de sol nos olhos e, instantaneamente, levam clarão para a boca, para o rosto todo, para a vida inteirinha.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Com o Tempo...(Ana Jácomo)

Tenho aprendido com o tempo que a felicidade vibra na frequência das coisas mais simples. Que o que amacia a vida, acende o riso, convida a alma pra brincar, são essas imensas coisas pequeninas bordadas com fios de luz no tecido áspero do cotidiano. Como o toque bom do sol quando pousa na pele. A solidão que é encontro. O café da manhã com pão quentinho e sonho compartilhado. A lua quando o olhar é grande. A doçura contente de um cafuné sem pressa. O trabalho que nos erotiza. Os instantes em que repousamos os olhos em olhos amados. O poema que parece que fomos nós que escrevemos. A força da areia molhada sob os pés descalços. O sono relaxado que põe tudo pra dormir. A presença da intimidade legítima. A música que nos faz subir de oitava. A delicadeza desenhada de improviso. O banho bom que reinventa o corpo. O cheiro de terra. O cheiro de chuva. O cheiro do tempero do feijão da infância. O cheiro de quem se gosta. O acorde daquela risada que acorda tudo na gente. Essas coisas. Outras coisas. Todas, simples assim.
Tenho aprendido com o tempo que a mediocridade é um pântano habitado por medos famintos, ávidos por devorar o brilho dos olhos e a singularidade da alma. Que grande parte daquilo em que juramos acreditar pode ser somente crença alheia que a gente não passou a limpo. Que pode haver algum conforto no acordo tácito da hipocrisia, mas ele não faz a vida cantar. Que se não tivermos um olhar atento e generoso para os nossos sentimentos, podemos passar uma jornada inteira sem entrar em contato com o que realmente nos importa. Que aquilo que, de fato, nos importa, pode não importar a mais ninguém e isso não tem importância alguma. Que enquanto não nos conhecermos pelo menos um pouquinho, rabiscaremos cadernos e cadernos sem escrever coisa alguma que tenha significado para nós.
Tenho aprendido com o tempo que quando julgamos falamos mais de nós do que do outro. Que a maledicência acontece quando o coração está com mau hálito. Que o respeito é virtude das almas elegantes. Que a empatia nasce do contato íntimo com as nuances da nossa própria humanidade. Que entre o que o outro diz e o que ouvimos existem pontes ou abismos, construídos ou cavados pela história que é dele e pela história que é nossa. Que o egoísmo fala quando o medo abafa a voz do amor. Que a carência se revela quando a autoestima está machucada. Que a culpa é um veneno corrosivo que geralmente as pessoas não gostam de ingerir sozinhas. Que a sala de aula é a experiência particular e intransferível de cada um.
Tenho aprendido com o tempo coisas que somente com o tempo a gente começa a aprender. Que o encontro amoroso, para ser saudável, não deve implicar subtração: deve ser soma. Que há que se ter metas claras, mas também a sabedoria de não se transformar a vida numa sala de espera. Que a espontaneidade e a admiração são os adubos naturais que fazem as relações florescerem. Que olhar para o nosso medo, conversar com ele, enchê-lo de cuidado amoroso quando ele nos incomoda mais, levá-lo para passear e pegar sol, é um caminho bacana para evitar que ele nos contraia a alma.
Tenho aprendido que se olharmos mais nos olhos uns dos outros do que temos feito, talvez possamos nos compreender melhor, sem precisar de muitas palavras. Que uma coisa vale para todo mundo: apesar do que os gestos às vezes possam aparentar dizer, cada pessoa, com mais ou menos embaraço, carrega consigo um profundo anseio de amor. E, possivelmente, andará em círculo, cruzará desertos, experimentará fomes, elegerá algozes, posará de vítima para várias fotos, pulará de uma ilusão a outra, brincará de esconde-esconde com a vida, até descobrir onde o tempo todo ele está.

Eu não quero te falar das minhas carências
Quero supri-las
Eu não quero que vc me ajude a solucionar os meus problemas
Quero apenas que você não me cause mais nenhum
Eu não quero te tirar a liberdade
Quero voar junto com você
Eu não quero que você seja perfeito
Quero um homem e não um robô
Eu não quero que vôcê esqueça o seu passado
Quero que vire a página e escreva um novo capítulo
Eu não quero ser a primeira da sua vida
Quero quebrar o seu contador
Eu não quero te cobrar nada
Quero plantar e fazer da colheita conseqüência
Eu não quero tirar a sua defesa
Quero só te mostrar que é possível viver desarmado
Eu não quero te dizer que a vida é bela
Quero te mostrar
Eu não quero que você ache que eu sou especial
Quero que tenha certeza
Eu não quero te mostrar quem sou
Quero te despertar a vontade de descobrir sozinho
Eu não quero te dizer nada
Quero que as emoções estejam além das palavras
Eu não quero mudar a sua vida
Quero mudar a minha

quarta-feira, 6 de outubro de 2010



Se você quer saber se fez bem a uma pessoa
é so você descobrir se quando saiu da vida dela
você a deixou melhor do que quando a encontrou.

Quem ama de verdade torna a outra pessoa
melhor do que ela é,
empresta os olhos para a pessoa se ver melhor
se ver mais corajosa,mais bonita.


Pe. Fábio de Melo

domingo, 3 de outubro de 2010





"Há pessoas que nos roubam... Há pessoas que nos devolvem..."

(Pe. Fábio de Melo)